Sobre Art Nouveau e Animes


Tem sempre uma coisa que você fica matutando na cabeça e não fala (ou fala, mas não publica). Bem, a minha é em relação a grande influência que alguns animes (séries de animação japonesa veiculados em emissoras de tv) sofrem de elementos da art nouveau (movimento artístico das primeiras décadas do século XX), chegando mesmo a se inspirar (de uma forma bem óbvia) em obras de artistas como Mucha, Klimt e Toulouse Lautrec, entre outros.

Isso é uma coisa interessante pois a Art Nouveau surgiu num período em que os artistas europeus (e a Europa como um todo) voltavam a ver o Oriente com outros olhos. Principalmente por conta do surgimento da fotografia, de uma certa descrença nos valores europeus da época e pelo espírito romântico dos fins do séc. XIX e início do séc. XX, muitos artistas buscavam novas referências para sua produção e a arte japonesa (em especial a gravura e a estamparia) caiu como uma luva naquele momento.

Por outro lado, no Japão desenvolveu-se na animação desde o começo do século XX, quase que em paralelo com as produções da Disney. Mas foi depois da Segunda Guerra Mundial que o anime chegou aos formatos atuais, contando em seu surgimento com grande influência da animação produzida nos Estados Unidos. Ainda assim, os formatos, as narrativas e a estética são bem próprias deles.

Ambos tem como característica forte uma a popularização de sua produção. A Art Nouveau foi para as ruas em cartazes (na onda da modernização da litografia), influenciou a arquitetura, a decoração e até as jóias produzidas na época. O anime não é diferente e há muito está bem inserido no universo pop e globalizado. Vemos otakus em todo canto.

Nesse toma lá, dá cá entre oriente e ocidente, eis que me dou conta dessa inevitável relação quando conheci a Art Nouveau. Muitos dos responsáveis pelas séries que eu assisti estudaram artes e com certeza devem ter visto arte ocidental. Mas não deixa de ser curioso ver isso acontecendo! Não seria a mesma coisa se eles simplesmente se baseassem na arte japonesa, com certeza.

Para quem torce o nariz para os desenhos de olhos grandes, fica a dica. Professores de arte, olha só o material que vocês tem a disposição para que seus alunos vejam com outros olhos a aula! É um prato cheio para se discutir globalização e cultura, não acham? Acho até que sobra pano para discutir a construção da imagem feminina em ambos.

Segue o link da abertura de Elfen Lied que, por acaso, tem música em latim (outro detalhe ocidental). Achei muito interessante o passeio feito pelas obras do Gustav Klimt, que por sinal, são rhycas! Outra dica para comparação é a produção do Grupo Clamp (Sakura Card Captor, Guerreiras Mágicas, X, Tokyio Babylon, Chobits...) versus Alfonse Mucha (especial atenção aos calendários, às estações do ano e ao zodíaco que ele criou). Não tem como não relacionar!

Aubrey Beardsley e William Bradley, no entanto, tem uma mega puxada das gravuras japonesas. Não dá pra dizer que eles servem de referência (ou se foram direto na fonte, que é de casa), mas não deixem de dar suas googladas para ver as possibilidades. Eu mesma achei uma imagem do Bradley que me lembrou muito Cowboy Bebop.

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Então, curtiram ou falei besteira?

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